Quando livros e autores se tornam estrelas da Netflix: caso Caixa de Pássaros

Não é de hoje que obras literárias ganham adaptações para o cinema. Segundo pesquisadores da área, a primeira adaptação de livros para uma versão cinematográfica data de 1900, sendo a obra Sherlock Holmes Baffled, do autor Arthur Conan Doyle. Frequentemente, essas produções acabam se tornando um sucesso, exatamente por já possuírem um público cativo: os leitores.

Atenta a essa tendência, a Netflix, mais uma vez, investiu em uma produção original inspirada no livro “Caixa de Pássaros”, do autor Josh Malerman, best-seller do The New York Times e publicado no Brasil pela Editora Intrínseca. Lançada em 2014, nos Estados Unidos, a obra teve um renascimento esperado após à estreia do filme no serviço de streaming, ainda em 2018. O livro retornou à lista dos mais vendidos do jornal americano na data.

Tal fenômeno levanta novamente a discussão sobre a influência que as adaptações cinematográficas de obras literárias geram no mercado editorial. Apesar da já conhecida decepção sobre cortes ou mudanças na história original quando o livro é transformado em filme, é preciso apontar que é justamente a diferença de linguagem de um produto cultural para outro que tem desempenhado um papel fundamental na formação dos novos leitores.

Já é de conhecimento público que o hábito da leitura é pouco enraizado na cultura brasileira. A 4ª edição do estudo “Retratos da Leitura no Brasil”, apontou que 30% da população nunca sequer comprou um livro. A falsa ideia de que a literatura é para intelectuais acaba afastando muitas pessoas do gosto pela leitura, e faz com que a população busque outros produtos culturais com interpretações consideradas mais fáceis ou próximos de sua realidade.

Então, mesmo que as experiências sejam totalmente distintas, as adaptações de livros para filmes possibilitam a formação de novos leitores. Elas incentivam que o espectador procure a fonte de inspiração da obra cinematográfica, permitindo que este construa o gosto e o hábito pela leitura.

A partir desse ponto, tudo é possível. A semente do incentivo já foi plantada. Do livro que inspirou o filme para a construção de uma rotina de leitura, evoluindo para outros tipos de literatura, é só uma questão de tempo.

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