Minas e Mariana

Quando escrevi o poema “Minas e Mariana”, um dos que integram o meu Livro ‘Ócio’, transcrito na imagem acima, não podia acreditar que, no Brasil, pudesse ser repetida tamanha tragédia e descaso. Depois de 2015, das mortes e do crime ambiental provocado pela Samarco, a Vale, que já era unida à primeira empresa citada através de uma joint-venture, agora se vê com um desastre reincidente. Sua barragem, em Brumadinho-MG, cedeu, e a catástrofe humana e ambiental repercute na mídia como a mais letal envolvendo barragens no País — e uma das maiores do mundo na última década.

Umas das mais sérias dificuldades, entretanto, dentre outras, parece estar no processo legislativo e o da fiscalização. Segundo o Greenpeace, ainda em 2016 uma comissão no Senado Federal, do Brasil, concluiu que as vistorias dessas barragens são falhas. Desde então, um Projeto de Lei foi apresentado para que esses monitoramentos e avaliações ficassem mais rígidos, mas essa proposta nem chegou a ser votada por pura desídia de alguns congressistas à época. Ainda, na Câmara Federal, 05 (cinco) Projetos sobre um maior controle das barragens estão parados, esquecidos, aguardando pleito.

Se realocarmos o lugar e data, o trecho do meu poema ainda faz todo sentido. Afinal, depois de 3 anos, a Vale não conseguiu aprender com os graves erros. Da mesma forma os congressistas. Parafraseando, temos na nossa maior empresa de mineração um exemplo mundial de incompetência e descaso. A meu ver, foram sim crimes bárbaros, muito distantes de serem acidentes naturais.

“No leito do Rio Doce
Os rejeitos dos hipócritas.”

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